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quinta-feira, 30 de novembro de 2006

notas sobre o uso da WISC-R

postado por: alzira fernandes

NOTAS SOBRE O USO DA WISC-R NA AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS COM LESÕES OU DISFUNÇÕES CEREBRAIS


Diversos estudos utilizaram a WISC-R para mostrar aspectos diferenciais das capacidades das crianças com alterações neurológicas.

No entanto é bom lembrar que as WISC’s foram construídas como medidas de inteligência e não como medidas de funcionamento neurológico.


Especialização hemisférica

Ao contrário do que acontece com os adultos, não há uma conexão clara entre as pontuações da escalas verbal e as de realização com a especialização hemisférica cerebral. Tal deve-se à maior plasticidade cerebral e ao processo de desenvolvimento infantil.

Estudos com as WISC-R, em crianças que sofreram lesão hemisférica, permitem verificar que, no caso desta se situar no hemisfério esquerdo, alteram-se tanto as pontuações verbais como as de realização, agravando-se se a lesão foi anterior ao primeiro ano de vida. No entanto, se a lesão tiver ocorrido no hemisfério direito, apenas estam afectadas as pontuações da realização (Riva e Cazzaniga, 1986).

Em vários estudos a escala de realização mostra-se a mais vulnerável às alterações cerebrais independentemente do local da lesão.


O significado da diferença entre QI verbal e QI de realização

A dicotomia entre os QI’s é útil para saber se uma criança tem um “déficit” que afecta mais as capacidades linguísticas ou mais as perceptivo-espaciais. Ao contrário da crença, muito divulgada, em que as diferenças superiores a 15 pontos são clinicamente significativas, a busca de significação estatística destas diferenças (estudo com a WISC-R) mostrou que a diferença de 15 pontos é observada em crianças com um funcionamento normal. Mesmo diferenças de 19 pontos correspondem ainda a 15% da população em geral (kaufman 1980).

Propôs-se que a diferença de QI´s fosse característica de subtipos neurológicos das dificuldades de aprendizagem. Assim, pensou-se que nas crianças com dislexia, a discrepância QI verbal inferior a QI de realização, caracterizava o subtipo auditivo-linguístico e a discrepância de sentido contrário, o subtipo perceptivo-espacial. Noutros estudos estudos sobre a criança disléxica aponta-se sempre para um QI verbal inferior ao de realização. Estudos mais recentes mostram que o QI V inferior ao QI R não é preditivo de disfunções neurológicas, de conduta ou académicas e só em 23% dos casos essas discrepâncias se mantêm ao longo do desnvolvimento (Bishop & Butterworth, 1980 e Moffitt e Silva., 1987).


O factor III da WISC

Trata-se de um índice cognitivo complexo obtido a partir das pontuações de Aritmética, Dígitos e Código. Atribui-se-lhe a capacidade de manter a atenção em tarefas cognitivas superiores. De acordo com a estrutura factorial da WISC, o factor III interpreta-se como “livre de distractibilidade,” sendo o factor I a “compreensão verbal” e o II a “organização perceptiva”. Um padrão de superioridade do factor II sobre o III poderia indicar problemas atencionais. A tríade Aritmética, Dígitos e Código medem a capacidade de sequenciação ( ao contrário do processamento simultâneo e holístico da capacidade espacial).

As crianças com Perturbação de Hiperactividade com Défit Atencional, que se pensa terem alterações difusas nos lóbulos frontais, mostram um déficit no factor III.

No entanto, quando se estudaram as relações do factor III com medidas neurológicas apropriadas ( Ownby e Mathews, 1985), descobriu-se que são muito variadas as funções cognitivas complexas a ele associadas, a saber, a organização visuoespacial, operações mentais sobre material simbólico com mudanças rápidas e atenção sustentada durante o processo cognitivo complexo.


Padrão ACID

Pensava-se que o padrão ACID era característico de crianças com dificuldades de aprendizagem, que obtêm pontuações especialmente baixas em Aritmética, Código, Informação, e Dígitos (Kolb e Wisham, 1986).

Este padrão assume significado clínico na dislexia a partir dos 8 anos de idade. Antes desta idade não estão afectados, como se compreende, a Aritmética e a Informação, pois são uma consequência secundária da dislexia.

Ainda assim, o padrão ACID é insuficiente para diagnóstico clínico, dado que as crianças que o apresentam têm variados tipos de défidit de processamento de informação e também não é característico da maioria das crianças com dificuldades de aprendizagem.


A variabilidade da pontuação entre os subtestes

A amplitude desta variabilidade calcula-se subtraindo a pontuação mais alta da mais baixa dentro de cada escala (verbal ou de realização). Segundo estudos estatísticos ( Kaufman, 1979), a obtenção de 8 pontos de dispersão verbal ou 10 de realização tem significado clínico em crianças.



Conclusão

Apesar das enormes vantagens da utilização da WISC-R, dado o numeroso montante de investigação de que foi alvo, a avaliação de crianças em que se sabe ou suspeita de problemática neurológica, deverá recorrer também a instrumentos neuropsicológicos.



resumo de alzira fernandes


Bibliografia

Manga, D. (1997). Neuropsicologia Clínica Infantil, Estudo de Casos em Idade Escolar, Editorial Universitas, S.A., .

Neste livro são citados:

Kaufman, A.S. (1979). Intelligence testing with theWISC-R. New York:Wiley

Kaufman, A.S. (1980). Issues in psychological assessment: Interpreting the WISC – R intelligently. Em B.B. Lahey e A. E. Kazdin (Eds.) Advances in clinical child psychology. New York : Plenum.

Kolb, B. e Wishaw, I.Q. (1986). Fundamentos de neuropsicologia humana. Barcelona: Labor.

Moffitt, T.E., e Silva, P.A. (1987). WISC-R verbal and performance IQ discrepancy in an unselected cohort: Clinical significance and longitudinal stability. Journal of Counsulting and Clinical Psychology.

Ownby, R.L. e Mathews, C.J. (1985). On the meaning of WISC-R third factor: Relations to selected neuropsychological measures. Journal of Consulting and Clinical Psychology.

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